sexta-feira, 14 de maio de 2010

SERAFINA

Caro leitor eu começo,
Esta istoria lhe contar...
Não pensa que será fácil
Tudo que vou lhe falar!

Vou falar d’uma menina
O seu nome: Serafina,
A qual teve triste sina
Mas só queria ser feliz!

Nos cafundó do sertão
Havia um casal feliz,
Ali nasceu Serafina
A filha que sempre quis!

A menina era bela
Dona de terna meiguice,
Cescendo deixou o seu lar,
Cometendo grande tolice!

Completou dezoito anos
Quis a vida desfrutar!
Disse: Mamãe! Vou embora
Quero minha vida gozar!

Ser feliz era seu plano
Cometeu terrível engano,
Satanás traçou um plano
Pra sua vida ceifar!

Pois era menina bela
Filha de casal crente!
E sempre lhe prevenia
Pois a Deus, eram tementes!

Sempre aconselhava:
- O mundo é mau e ruim!
Só Jesus dá segurança
O inimigo só quer seu fim!

Não quis obedecer
Serafina não entendia,
Passou a mão na sacola...
E sumiu na rodovia!

Sua mãe sofria tanto!
Dava pena a gente ver!
Orava: Senhor salva minha filha
Mesmo na hora de morrer!

Seu coração lhe dizia
Que triste sina teria
Pois deixou a sua casa
Pra viver como queria!

Pai e mãe se abraçaram
O remédio era chorar!
Dobraram os seus joelhos....
E começaram orar!

- Senhor! Nós temos crido!
Mas o Impossível é para tí!
Tome conta de Serafina
Que acabou de partir!

Guarda essa menina
Pois não nos pertence mais...
Nós a consagramos a ti
Livre ela de satanás!

A noite veio chegando
Na cidade Serafina entrou...
Não sabendo pra onde ir...
Num banco de praça sentou!

E Serafina pensava:
Eu preciso encontrar
Uma pensão baratinha
Onde eu possa me hospedar!

E não demorou muito tempo
Um rapaz ali parou...
Vendo que era moça simples
Um plano arquitetou!


Essa menina é da roça
È hoje que me dou bem...
Vou levá-la para casa...
Ela parece não ter ninguém!

Descendo do seu carrão
A ela foi se apresentar:
Boa noite! Sou Severino...
Você acabou de chegar?

Boa noite! Sou Serafina
Eu parei pra descansar...
Você conhece uma pensão
Onde possa me hospedar?

Quero um lugar simples
Onde eu possa pagar,
Até conseguir um emprego
E minha vida ajeitar.

Eu venho de um sitio
Fica distante daqui...
Não quero morar na roça
Por isso cheguei aqui.

Muito prazer Serafina!
Acabou o seu problema!
Você quer ir para minha casa?
Pois ela não é pequena...

Você não vai pagar nada...
E vai ter o que comer...
Vou te ajudar, oh! Menina
Porque gostei de você!

Agradeço, Severino,
Mas num posso aceitar!
Meu pai me ensinou,
Dos outros não aproveitar!

Deixa de bobagem, menina!
Para mim será um prazer!
Eu só quero te ajudar...
Porque gostei de você...

Agradeço oh! Severino,
Ví que é um homem bom...
Preocupando comigo,
Não quer que eu vá pra pensão!

Ele abriu a porta do carro
Com a maior educação...
Mas quando chegou em casa...
Quão grande transformação!

Trancou portas e janelas...
Na cara dura falou:
Estou condenado à morte...
Sozinho é que eu não vou!

Tudo está trancado...
E daqui você não sai!
Se eu vou morrer de AIDS
Pode crer... que também vai!

Eu sou um cara muito rico
Que valor isso tem?
Não vou pro inferno sozinho...
Vou... Mas te levo também!

Serafina assustada,
Nem conseguia entender...
Que mal fez para alguém...
Que triste sina ia ter!

Ele ficou agressivo
Pra cima dela partiu...
Foi lhe arrancando a roupa,
Nua, nua ela se viu!

Serafina muito chorava
Pois não podia entender...
Aquilo que acontecia...
Ninguém pra lhe socorrer!

Ele disse: não chore não!
Pois tua mãe não vai ver...
Aqui nessa fortaleza...
Só estamos eu e você!

Ela usou e abusou
Coitada da Serafina...
Desonrou a pobre moça...
Impondo-lhe a triste sina.

Severino era cruel...
Só vivia lhe batendo...
E ela não entendia...
A barriga ia crescendo...

Quando ele descobriu
Que ela se engravidou...
Dava crises de risos
Para aumentar seu terror!
Ele ia definhando,
Definhando cada dia!
Quando olhava pra sua barriga...
De sarcasmo, ele ria!

Eu sei que estou morrendo!
Comigo levo você...
E esse filho aidético...
Coitado... quem vai quere?

Serafina chora muito
Lembrando o que perdeu...
Seu lar... seu pai... sua mãe...
E a saúde que Deus lhe deu!

Perdia o sono à noite
Chorava o destino seu...
Pois não ouviu os conselhos
Que o velho pai lhe deu!

Numa madrugada fria,
Severino lhe chamou:
Serafina! Estou morrendo...
Pro inferno, decerto eu vou!

Ela mais do que depressa
Segurou a sua mão!
- Se você se arrepender...
Ainda tem salvação!

Jesus já morreu por tí
E ele quer te salvar!
Mas para entrar no céu...
Tem que a Ele aceitar!

Serafina! Perdoe-me!
Por ter sido tão cruel!
Eu aceito Jesus Cristo!
Pois eu quero ir pro céu!

Ela então o perdoou
E lhe fez uma oração...
Senhor! Salva Sivirino...
Conceda-lhe a salvação!

Severino secou as canelas...
Serafina... Foi-se embora!
Como estava doente...
Ela pensava: e agora?

Não conseguia emprego
Nem lugar para ficar...
Foi morar em um bordel
Para dinheiro arranjar!

Não tinha como ir embora
Pois não sabia o caminho...
Pensou que ia trabalhar...
Encontrou uma cama de espinhos!

Passou lá sete meses...
Seu filho quase a nascer...
Já havia sofrido tanto...
Que achava melhor morrer!

Ela pensou que ia trabalhar
Na faxina, na limpeza...
Mas a dona do bordel...
Causou-lhe muita tristeza!

Tinha que fazer ‘Programa’
Dia e noite, noite e dia...
Os homens dela abusavam...
Camisinha não queria...

Os clientes que ali chegavam
Abusavam dela demais...
Nem pareciam humanos...
Era o próprio satanás...!

Um dia apareceu,
No bordel um conhecido...
Ela mandou uma carta
Contando aos pais o ocorrido.

Falou que não podia sair
Pois a dona lhe prendeu...
Tinha que pagar a comida
E a cama que ela lhe deu.

Tendo que beber muito
Para atrair freguesia...
Logo passava mal...
E a dona do bordel, lhe batia.

Teve que deitar com tantos homens...
E saíram contaminados...
- Muito cuidado, meninas...
Olha aí o resultado!

Serafina que era bela
Queria a vida gozar...
Cavou pra si a ruína...
Veja só no que vai dar!

Escreveu pra dar noticias
E mandava lhes dizer:
Se eles queriam seu filho...
Estava condenada a morrer!

Quando seus pais souberam
O paradeiro de Serafina,
Saíram logo de viagem
Para buscar a menina.

Passaram-se quinze dias
Que a carta enviou
Passou mal de repente...
Em trabalho de parto entrou!

Nisso chegou alguém
Gritando por Serafina...
Perguntando no bordel:
-Alguém viu minha menina?

A proprietária em gargalhada
Quase morrendo de rir...
Disse aqui tem uma cadela
Que começou a parir!

Sua mãe banhada em prantos
De joelhos lhe pedia:
-Me diga onde ela está!
Preciso ver minha filha!

Seus pais foram conduzidos
A um quartinho imundo...
Viu Serafina em dores
E seu filho vindo ao mundo!

Era o couro e o osso...
E sua vida no fim!
-Gritou: Mamãe me socorre!
Ore depressa pra mim!

Eu sei que estou morrendo!
Não há como recuar!
Clame ao Senhor, agora!
Peça então pra me salvar!

Sofri tanto em nove meses...
Dura lição aprendí...
Quem abandona Jesus...
Não consegue ser feliz!

-Mamãe! Peço-te um favor...
Faça minha última vontade...
Conte a minha istória
Na igreja pra mocidade...

Pois feliz é o que aprende
Com a dor e os erros alheios...
Não queiram sofrer como eu...
Que não ouvi teus conselhos!

Avisa também pros jovens
Que querem pro mundo ir...
Fiquem firmes com Jesus...
Não vale a pena desistir!

Diga pros adolescentes
Que vale a pena insistir...
Mesmo em meio as provas
Eles devem prosseguir!

Perdão te peço, papai!
Que bom foi vê-lo de novo...
Faça a ultima prece pra mim...
Pois quero ir pro repouso.

Peço que criem meu filho
Nos caminhos do Senhor!
Que lhe sirva de exemplo...
Meu sofrer e a minha dor.

- E o pai de Serafina
De joelhos pediu perdão...
Tem misericórdia, Senhor!
Conceda-lhe a salvação!

Serafina também orou
-Tem misericórdia de mim!
Perdoe-me oh! Senhor!
Leva-me pra junto de ti!

Serafina descansou...
Da sua triste sina...
Com ela também se foi...
Seus lindos sonhos de menina!

Seus pais a sepultaram
E atenderam seu pedido...
Estou aqui digitando...
E lhes passando este aviso:

Continue caminhando
E escute sempre os conselhos...
Os pais só querem seu bem...
E bem feliz querem vê-los

Se o pregador bate duro...
A pregação...muito forte!
Não saiam de sua igreja...
Não vão ao encontro da morte!

Serafina conhecia
Os caminhos do Senhor...
Sofreu tanto em pouco tempo...
E o exemplo lhes deixou.

Você moça tão bela!
Canta lindo, no coral...
Continue sempre firme!
Escape das garras do mal!

Serafina desceu à cova...
O seu filho a mãe criou!
Levou ele pra igreja,
E a Deus o apresentou!

Disse: Senhor cura o meu neto!
Maravilhas sei que faz!
Guarda ele contigo
O escondendo de satanás!

E o menino foi curado
E pro Senhor, foi a glória!
Os avós estão felizes
Porque Deus lhes deu vitória!

E o menino ficou moço
E é temente a Deus!
Guarda sempre os conselhos...
Que dos avós recebeu.

Isso fica de lição
Para as meninas bonitas...
Cuidado com as ofertas...
Que seu coração palpita!

Olha para Serafina
Medita na triste vida!
Só queria aproveitar...
Depois não teve saída...

Serafina teve tempo
De tua vida concertar...
Partiu cedo deste mundo...
Mas com o Senhor deve estar!

E você que anda pensando...
Se deixa a igreja ou não...
Medita bem nesta istória...
Garanta sua salvação!

Esta foi uma istória
Somente pra te alertar...
Quem troca Jesus pelo mundo...
Lá no céu não pode entrar!

Ele pagou alto preço
Por nossa alma, irmão!
Deixe os prazeres do mundo...
Só Jesus tem salvação.

Nelma de Assis

Cuiabá – MT 23/03/007

feliz fim de semana!!!!
amigaiada...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

SUFIA




SUFIA

Computador vou te contar;
A estória de Sufia...
Moça bonita... Prendada
Que lá no sertão vivia,
Moça boa trabalhadeira
Cheia de muita alegria!

Lá pros lados do Coité,
Era onde ela morava
Moça alegre cantadeira
Com um grande amor sonhava
Não sabia da cilada
Que o destino preparava...

Sufia sonhava mesmo
Um grande encontrar
E nas tardes de domingo
No riacho ia banhar...
Convidava suas amigas
Pedrinhas iam pegar.

Disputando entre si
Quem encontrava a mais bela...
E a sua coleção
Já quase dava um castelo...

Sufia vivia assim
Alegre muito fagueira!
Nas noites de lua cheia
Acendiam a fogueira,
Ficavam contemplando a lua
Quase a noite inteira
Achando a coisa mais bela...
A lua passando faceira!

Muito querida por todos
Lá pras bandas do sertão
Teus longos cabelos negros
Negros da cor de carvão!
Deixando a rapaziada
Suspirando de paixão!

Sufia nem dava bola
Pois ela tinha em mente
O seu príncipe encantado
E era muito diferente
Dos rapazes daquelas bandas
Por ele esperava contente!

Numa noite de lua cheia
Enquanto a lua namorava
Ouviu ao longe um galope
O seu príncipe chegava
Montava um cavalo branco
Do jeito que ela sonhava!

Os olhos dele brilhavam
Sua silhueta era bela!
Já prendeu o coração
Daquela doce donzela
Que suspirou apaixonada
Na primeira olhadela!

Descendo de seu cavalo
Sua mão ele beijou
Olhando bem nos seus olhos...
De emoção ela chorou!
Pois quem tanto esperava
Naquele instante chegou!

Sufia enxugou as lágrimas
No lenço que ele lhe deu
Lenço macio... Perfumado...
Como as mãos do amado seu!
Quando lhe tocou o rosto
De emoção ela tremeu!

Ele tomou suas mãos
Acariciando o rosto seu
A donzela suspirava
Mais forte o coração bateu
Homem lindo e educado...
Tudo que pediu pra Deus!

Ele se apresentou
- O meu nome é Zaqueu
Diga-me minha princesa
Qual é o nominho teu?
Diga-me doce donzela...
Pois já sou escravo seu!

Sufia entre suspiros
Por tanta emoção tremia
Disse logo a Zaqueu
- O meu nome é Sufia
Eu já lhe esperava
Pois sabia que viria!

Ficaram assim longas horas
Trocando conhecimentos
A estrela d’alva brilhava
No alto do firmamento
Sufia muito feliz
Queria eternizar o momento!

O dia veio raiando
Despedindo a luz da aurora
Zaqueu e a moça Sufia
Felizes estavam assim
Trocando juras de amor
Que jamais teria fim!

Zaqueu era violeiro
Afamado no sertão
Com linda voz e viola
Machucava coração
Das moças quando ouvia
Dedilhar uma canção!

Ele era homem honrado
A moça alguma iludia
Dizia que seu amor
Com ninguém dividiria
A não ser com a donzela
Que seu coração mostraria!

Então no mágico instante
Que Sufia ele avistou
Seu coração deu um salto
E o cupido lhe flechou!
E lhe beijando as mãos
Amor eterno jurou!

Felicidade é coisa boa
E chega sem avisar!
Ela vem na hora certa
Não tem dia nem lugar
Ela chegou pra Sufia
Pois ela soube esperar!

O sertão não foi mais o mesmo
Desde a chegada de Zaqueu
Reuniam toda noite
Pra ouvir o amado seu
Que cantava alegremente
Pelo amor que Deus lhe deu!

Porem no meio do povo
Tinha um cabra Damião
Que não gostou nada disso
Que aconteceu no sertão
Porque o tal do Zaqueu
Roubou-lhe a paixão.

Damião era um sujeito
De coração endurecido
Vendo o amor dos dois
Não gostou do ocorrido
Começou tramar vingança
Não se dava por vencido!

Desandou a beber tanto
E resolveu se vingar
Se Sufia não for minha
De mais ninguém ela será
E tramou no coração
A donzela então matar.

Pra Sufia e Zaqueu
O amor oficializar
Ficaram noivos de fato
Logo, logo iam casar.
A donzela ia ser a noiva
Mais bela daquele lugar.

Damião não se conformava
Com aquela situação
- Se eu não puder ser feliz
- Eles também não serão...
- Eu matarei a Sufia
- E fugirei do sertão!

A cilada estava pronta
O dia do casamento chegou
Todos estavam felizes
Achando lindo o amor
Damião respirava vingança
Pois Sufia o desprezou.

Ela não gostava dele
E nunca deu esperança...
Por isso ele endoidou
Pensava só na vingança
Casamento não haveria
E nem tampouco festança!

Sufia tinha um sonho
Sob a luz da lua se casar
Acenderam a fogueira
Pra melhor iluminar
Zaqueu estava lindo
Esperando no altar!

Fizeram um lindo arco
Com muita flor de roseira
Muitas folhas de samambaias
Também com flor de paineira
Na grinalda da noiva jasmim
Muita flor de laranjeira!

A fogueira estava quente
Feito o coração de quem ama
E o crepitar do fogo
Fazia aumentar a chama
Ninguém podia imaginar
Aquela sina tirana.

Damião cheio de ódio
Atrás da moita aguardava
Com uma arma na mão
Por Sufia esperava
Quando ela aparecesse...
O seu plano executava.

De repente fez silencio!
Eis a noiva! Alguém gritou!
Zaqueu sorria contente
Duas lagrimas rolou!
Agora se uniriam
Seria eterno o amor!

Sufia veio chegando
Parecendo uma mis!
Zaqueu ficou deslumbrado
Pois agora era feliz
Encontrou o amor de sua vida
Era tudo o que sempre quis!

Era a noiva mais bela
Que já se viram por lá!
Os cabelos cor da noite
Brilhando a luz do luar
Sorriso da cor de jasmim
Pra seu Zaqueu encantar

E nesse mágico instante
Em que os dois se abraçaram
Os seus lábios se uniram
Um doce beijo trocou,
Um surdo estampido se ouviu
No chão os dois corpos tombaram!

Os dois morreram abraçados
Unidos naquele beijo!
Damião sumiu no mundo
Ninguém sabe o paradeiro...
Daquele sujeito perverso
Cabra mau e traiçoeiro!

Os noivos foram sepultados
Numa cova, bem juntinhos;
O sertão todo chorou...
Até mesmo os passarinhos...
Não se ouviu mais a viola...
Ficou encostada num cantinho...

A tristeza no sertão
Sentia-se por todo lado
Nunca mais puderam ver
O sorriso encantador
Nem se ouvia a viola...
Pois morreu o tocador!

Esta foi a triste estória
De Sufia e de Zaqueu
Que se amaram tanto
E o destino interrompeu
Talvez possam estar felizes
Morando junto com Deus.

O destino de Damião
Eu nem posso imaginar...
Depois da triste vingança
Não consegue descansar
Vive perambulando...
A consciência a lhe acusar.

A sina de Damião
Só Deus que pode saber
Quem sabe ele se arrepende...
Antes mesmo de morrer...
Quem sabe ainda se salva...
Pra no fogo não arder!

Nelma de Assis
Cuiabá – MT.
02/07/04
09:45 Hs.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

O esconderijo do home brabo


O Esconderijo do Homem Brabo!!!
A Tuia I
Oia aqui computadô
O trem que eu vô te contá!
O susto dum caçadô
Que gostava de gavolá!
Cavalo bão arriado,
As armas... Chegava até lumiá!!!
Se fingindo de brabão
Mode a verdade amoitá!!!

Ele tinha uma capanga
Coro de jaguatirica...
Daqueza que quando penteia...
Mais bunita inda fica!
Um dia ele foi contá
Vantagem lá pro meu tio...
Que já tava preparano uma,
Que era pra ele perdê o trio!

Nos cafundós da fazenda
Morava u’a onçona erada...
Meu tio ia prová prus pião
Que o brabão tava é cum nada!
Pispiano a escurecer...
O inzibido foi chegano...
E foi logo rastano papo...
- O homem brabo ta chegano!!!

Meu tio que num era face
Já garrô sarro tirá!
- Tem gatão cumeno bizerro...
- Num tem é macho pá incará!!!
E o brabão todo facêro...
Quereno já se mostrá,
- Eu vim foi de bem longe...
Mode essa oncinha pegá!

O tio combinou cum ele
Vai fazê essa impreitada...
Vou te dá duzentos contos...
E uma vaca gorda da invernada!
Mais se perder a empreitada,
Nada daqui vai leva...
Sua traia de caça...
Aqui pros pião vai dexá!

De manha ainda escuro
Seu cavalo ele arrio!
Saindo a todo galope,
E a cachorrada levô!
Disviô dos ranha gato,
Dos toco dos gravatás...
Imbrenhano no meio da mata...
Até na furna chegá!!!

Lá tinha u’a tapera veia,
E ele intão penso:
- Eu ponho os cachorro na onça...
- E já tenho iscondedô!!!
É que avisto u’a tuia,
Bem alta bem conservada...
Penso consigo: quando a bicha vié...
Lá me iscondo da danada!!!

Os cachorros percebeno a onça,
Logo na bicha muntô!!!
Cumo era muito cachorro...
A danada num incarô!!!
Os cachorros barruava....
E onça dava esturro!!!
- Vô entra logo na tuia...
- Vê lá se sou argum burro!!!

- Ainda ta muito escuro,
A onça num vai me vê...
Quando passá o arrocho...
- É que de lá vô decê!!!
Prucutúque dentro da tuia...
No escuro nem viu nada...
Agachano bem pertinho...
Onde a onça tinha u’a ninhada!

Quando viu, já num deu tempo...
A onça cuele imbolô...
O machão gritou foi tanto...
Inté as carças sujô!!!
A onça se assustô muito...
Com todo aquele fedor...
Pulo de vorta pra fora...
E sem parte do rabo ficô!
***
Tamém cum apuro daquele
O seu facão trabaiô!
Numa daqueza facaozada...
O rabo da onça acertô!!!
Os cachorros frecháro na bicha...
Que na crôa se embrenho!
O brabão num perdeu tempo...
E da tuia se mandô!!!

Quando ando argumas braças...
Sentiu que tava moiado...
Quando deu u’a oiada na butina...
Nem te conto!!! Ah!!! Coitado!!!
O trem encheu as carças...
E perna abaixo desceu!!!
A butina ficou cheia...
Pensa só... Como fedeu!!!!

Ele pensou... Pensou!!!
Parado na bêra dum Corguinho...
- Se eu chegá lá desse jeito...
Vão muntá os trapos, nemim!!!
Tiro o sujo mais grosso,
Mais pricisava sabão...
Ia perdê corqué coisa...
Pa suborná um pião...

Veio chegano devagazim...
E o Zeca ele avisto!
- Zeca!!!! Cê me da um sabão???
Te dou a capanga do meu avô!!!
A capanga era de istima,
Dela nunca apartô...
Era presente querido...
Dela sempre cuidou!

O Zeca mais que dipressa,
Levô o sabão de barra...
Ele lavou suas roupas,
E, pois secá nas coivaras!
Depois que as roupas secou...
Ele então pôde chegar...
Inventou tanta lorota,
Pra meu tio inrrolá!!!


- Oia aqui seu Manuely,
- Quero receber meu pago...
- A onça tava muito pesada...
- Só pude trazer o rabo!
Meu tio meio cismado,
- Esse causo ta mal contado...
Mais vou pagar desta vez...
Na outra, cê ta inrolado!!!

Cumbinou lá com os pião...
Levá ele na onça maió...
Que pegava bizerro,
Bem pertinho do paiol!
Eze intão fizéro o cerco,
Cada um ficô dum lado...
Depois disatrela os cachorros...
A bicha fica acuada!

Dexáro o inzibido,
Bem na frente do carrêro...
E quando sortáro os cachorros...
Foi só aquele pampero!
De longe ele já viu a onça...
Grande assim, ele nunca viu!
Disparô foi na carrêra...
Mas trupicô... E caiu!!!

Na carrêra disparada,
Pá sua pela salvá...
Caiu dentro do carrêro...
Aonde o gatão ia passá!
Na queda de mau jeito...
Na cara a capanga caiu...
Cumo era pelo de bicho...
Camarada suou frio...

Era a capanga do avô...
Que no seu pescoço pegou...
Já que ia ser comido...
Muito bravo ele ficou!!!
Com a capanga na cara disse:
Falano num disagravo...
- Que cume, come!!!
- Vai cume um home brabo!!!
***
Isperô! Isperô!!! Nada conteceu!!!
Argúem no gaio do pau deu gaitada!!!
- É a capanga da jaguatirica...
Que na tua cara ta incostada!!!
He! Computadô!!! Cê num sabe!!!
Mais eu vô te contá...
Dispois daqueze dois sustos...
Nunca mais quis gavolá!!!

Mudô até de lugar...
O sarro era todo dia!!!
- Vamos caçar onça hoje?!!!
Nem ouvir falar nisso podia!!!
Computadô aquelas onças...
Já deve de ter murrido...
Até meu tio se foi...
E tudo ficô isquicido!!!

Só quem lucrô foi o Zeca
Uma capanga tão bunita...
Parecia que tava viva...
A capanga de jaguatirica!!!
Depois que o brabo foi simbóra...
Que o Zeca pode contá...
Que feiz ele contá tudo,
Pra depois o sabão intregá!!!

Ele cum medão que o Zeca,
Abrisse a boca qualquer hora...
Invento tanta urgênça...
Pra podê já dá o fora!!!
O meu tio era mangadô...
Quando pegava no pé dum pião...
O cabra chorava de raiva...
E pidia as conta, intão!

Dispois ele se discurpava...
- Hára!!! Dexá de bestaige!!!
- Num vê que tô brincano...
Agora vai Chorá por bobaige?!!!
ÈEE!!! Computadô!!!
Eu quiria só sabê!!!
Será que argúem vai ri?!!!
Quando essas bestêras, eze lê?!!!

Vou parano por aqui...
Coce inté isquentô!!!
Num sei se é de calor...
Ou de mim se intojô!!!
Vixe!!! Me deu uma saudade...
Do meu primo Mané Bem...
Tô iscutano um cd de viola
Que tem passarin tamém!!!

Dá u’a dor no peito
Quando lembro como ele se foi...
Gente ruim sem coração...
Matou o grande amigo meu!
Ele achava tanta graça...
Dos meus causinho ingraçado...
Mandava eu seguir em frente...
Diz que eu ia ter resurtado!!!

Mais a vida é isso mesmo...
Um dia a gente vai tamém...
Vamos aqui rimano...
Enquanto num vai pro além!!!

Esse causo de onça, foi contado pelo fio do meu tio, o primo Catarino de Assis...
Ele garante que o fato foi verdade!

Zé Ruffino
Itarumã – Go.
25/01/2004
14:30 Hs.


“Mais vale as lágrimas da derrota do que a vergonha de não ter lutado”!!!