quarta-feira, 12 de maio de 2010

SUFIA




SUFIA

Computador vou te contar;
A estória de Sufia...
Moça bonita... Prendada
Que lá no sertão vivia,
Moça boa trabalhadeira
Cheia de muita alegria!

Lá pros lados do Coité,
Era onde ela morava
Moça alegre cantadeira
Com um grande amor sonhava
Não sabia da cilada
Que o destino preparava...

Sufia sonhava mesmo
Um grande encontrar
E nas tardes de domingo
No riacho ia banhar...
Convidava suas amigas
Pedrinhas iam pegar.

Disputando entre si
Quem encontrava a mais bela...
E a sua coleção
Já quase dava um castelo...

Sufia vivia assim
Alegre muito fagueira!
Nas noites de lua cheia
Acendiam a fogueira,
Ficavam contemplando a lua
Quase a noite inteira
Achando a coisa mais bela...
A lua passando faceira!

Muito querida por todos
Lá pras bandas do sertão
Teus longos cabelos negros
Negros da cor de carvão!
Deixando a rapaziada
Suspirando de paixão!

Sufia nem dava bola
Pois ela tinha em mente
O seu príncipe encantado
E era muito diferente
Dos rapazes daquelas bandas
Por ele esperava contente!

Numa noite de lua cheia
Enquanto a lua namorava
Ouviu ao longe um galope
O seu príncipe chegava
Montava um cavalo branco
Do jeito que ela sonhava!

Os olhos dele brilhavam
Sua silhueta era bela!
Já prendeu o coração
Daquela doce donzela
Que suspirou apaixonada
Na primeira olhadela!

Descendo de seu cavalo
Sua mão ele beijou
Olhando bem nos seus olhos...
De emoção ela chorou!
Pois quem tanto esperava
Naquele instante chegou!

Sufia enxugou as lágrimas
No lenço que ele lhe deu
Lenço macio... Perfumado...
Como as mãos do amado seu!
Quando lhe tocou o rosto
De emoção ela tremeu!

Ele tomou suas mãos
Acariciando o rosto seu
A donzela suspirava
Mais forte o coração bateu
Homem lindo e educado...
Tudo que pediu pra Deus!

Ele se apresentou
- O meu nome é Zaqueu
Diga-me minha princesa
Qual é o nominho teu?
Diga-me doce donzela...
Pois já sou escravo seu!

Sufia entre suspiros
Por tanta emoção tremia
Disse logo a Zaqueu
- O meu nome é Sufia
Eu já lhe esperava
Pois sabia que viria!

Ficaram assim longas horas
Trocando conhecimentos
A estrela d’alva brilhava
No alto do firmamento
Sufia muito feliz
Queria eternizar o momento!

O dia veio raiando
Despedindo a luz da aurora
Zaqueu e a moça Sufia
Felizes estavam assim
Trocando juras de amor
Que jamais teria fim!

Zaqueu era violeiro
Afamado no sertão
Com linda voz e viola
Machucava coração
Das moças quando ouvia
Dedilhar uma canção!

Ele era homem honrado
A moça alguma iludia
Dizia que seu amor
Com ninguém dividiria
A não ser com a donzela
Que seu coração mostraria!

Então no mágico instante
Que Sufia ele avistou
Seu coração deu um salto
E o cupido lhe flechou!
E lhe beijando as mãos
Amor eterno jurou!

Felicidade é coisa boa
E chega sem avisar!
Ela vem na hora certa
Não tem dia nem lugar
Ela chegou pra Sufia
Pois ela soube esperar!

O sertão não foi mais o mesmo
Desde a chegada de Zaqueu
Reuniam toda noite
Pra ouvir o amado seu
Que cantava alegremente
Pelo amor que Deus lhe deu!

Porem no meio do povo
Tinha um cabra Damião
Que não gostou nada disso
Que aconteceu no sertão
Porque o tal do Zaqueu
Roubou-lhe a paixão.

Damião era um sujeito
De coração endurecido
Vendo o amor dos dois
Não gostou do ocorrido
Começou tramar vingança
Não se dava por vencido!

Desandou a beber tanto
E resolveu se vingar
Se Sufia não for minha
De mais ninguém ela será
E tramou no coração
A donzela então matar.

Pra Sufia e Zaqueu
O amor oficializar
Ficaram noivos de fato
Logo, logo iam casar.
A donzela ia ser a noiva
Mais bela daquele lugar.

Damião não se conformava
Com aquela situação
- Se eu não puder ser feliz
- Eles também não serão...
- Eu matarei a Sufia
- E fugirei do sertão!

A cilada estava pronta
O dia do casamento chegou
Todos estavam felizes
Achando lindo o amor
Damião respirava vingança
Pois Sufia o desprezou.

Ela não gostava dele
E nunca deu esperança...
Por isso ele endoidou
Pensava só na vingança
Casamento não haveria
E nem tampouco festança!

Sufia tinha um sonho
Sob a luz da lua se casar
Acenderam a fogueira
Pra melhor iluminar
Zaqueu estava lindo
Esperando no altar!

Fizeram um lindo arco
Com muita flor de roseira
Muitas folhas de samambaias
Também com flor de paineira
Na grinalda da noiva jasmim
Muita flor de laranjeira!

A fogueira estava quente
Feito o coração de quem ama
E o crepitar do fogo
Fazia aumentar a chama
Ninguém podia imaginar
Aquela sina tirana.

Damião cheio de ódio
Atrás da moita aguardava
Com uma arma na mão
Por Sufia esperava
Quando ela aparecesse...
O seu plano executava.

De repente fez silencio!
Eis a noiva! Alguém gritou!
Zaqueu sorria contente
Duas lagrimas rolou!
Agora se uniriam
Seria eterno o amor!

Sufia veio chegando
Parecendo uma mis!
Zaqueu ficou deslumbrado
Pois agora era feliz
Encontrou o amor de sua vida
Era tudo o que sempre quis!

Era a noiva mais bela
Que já se viram por lá!
Os cabelos cor da noite
Brilhando a luz do luar
Sorriso da cor de jasmim
Pra seu Zaqueu encantar

E nesse mágico instante
Em que os dois se abraçaram
Os seus lábios se uniram
Um doce beijo trocou,
Um surdo estampido se ouviu
No chão os dois corpos tombaram!

Os dois morreram abraçados
Unidos naquele beijo!
Damião sumiu no mundo
Ninguém sabe o paradeiro...
Daquele sujeito perverso
Cabra mau e traiçoeiro!

Os noivos foram sepultados
Numa cova, bem juntinhos;
O sertão todo chorou...
Até mesmo os passarinhos...
Não se ouviu mais a viola...
Ficou encostada num cantinho...

A tristeza no sertão
Sentia-se por todo lado
Nunca mais puderam ver
O sorriso encantador
Nem se ouvia a viola...
Pois morreu o tocador!

Esta foi a triste estória
De Sufia e de Zaqueu
Que se amaram tanto
E o destino interrompeu
Talvez possam estar felizes
Morando junto com Deus.

O destino de Damião
Eu nem posso imaginar...
Depois da triste vingança
Não consegue descansar
Vive perambulando...
A consciência a lhe acusar.

A sina de Damião
Só Deus que pode saber
Quem sabe ele se arrepende...
Antes mesmo de morrer...
Quem sabe ainda se salva...
Pra no fogo não arder!

Nelma de Assis
Cuiabá – MT.
02/07/04
09:45 Hs.

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