quinta-feira, 22 de abril de 2010

A BICHA PINTADA

Fui um dia recoiê o gado...
Lá no fundo do grotão!
Dei de cara Cuma onça,
Precisava ver que gatão!
A bicha me incarô...
Purquê istraguei seu jantar...
Era um bezerrinho novo...
Quiela quiria pega!

Quando a onça me viu
Num pau tive que subi...
Cumo num tinha arvre...
Trepei num pé de buriti!
Subir inté que foi face...
Descer é que foi isquisito!
Mais na hora do aperto...
Quem é que vai pensar nisso...?!!

Vô dizê prucêis meus cumpade...
Do medo que eu passei...
A bicha me assombrô tanto...
Que inté as carças sujei!
Se num fosse a Marelinha
Que, pois a bicha pra corrê...
Ieu tava lá inté hoje...
Sem coraige pá descê!

Chegá laincasa foi duro...
Sem os fundo da carça fiquei...
Ficô garrado no buriti...
Quando de lá iscurreguei!
A minha muié virô bicho...
- Que feiúra foi essa minha!
Ficar sem os fundos da carça...
Só por mode aquela oncinha!?!!

Depois do medão que passei
Tratei de ficá foi isperto!
Se vô ali no banhado...
Da carabina num disaprego!
Num sei se a Pintada
Inda anda a me pricurá...
Vô inchê ela de chumbo...
Ela agora vai me pagá!!!

Minha muié fica caçuano
Chamano eu de molenga!!!
Mio é sê privinido...
Do que virá um capenga...
Isso inté que era pocô,
Se só ficasse capenga...
Já pensáro se ela me come?!!!
Lá vô ieu virá merenda!!!

Curuiz credo! Deus me livre!!!
Daquese dentão afiado...
Fiquei muito privinido...
Agora só ando armado!
Até logo meus cumpade!
Ôtro dia vórto aqui...
Vô contá o causo da cobra...
Que me quiria ingulí!

Vai afiano o zuvido...
E fica ai me isperano...
Córque horinha eu vórto,
Me orgulho de sê goiano!!!
Agora quero virá
Iscritôr que nem o João Lima
Devorei o livrin dele...
Sô apaxonado pôr rima!!!
Zé Ruffino.
Itarumã – Go.
30/04/2003.
20:28 Hs.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O CAUSO DA SOMBRAÇÃO...

Computadô já vortei,
Ôtro causo vô te contá!
Um causo de assombração
Daqueza de arrupiá!!!
Eu tava vino do Acre
De Ariquemes, vinha o Aparecido!
Ele me contô esse causo...
Diz ser verdade o ocorrido!

Ixistia na cidade de Jales...
Um cabra bem valentão!
Disse que ia matá o fantasma...
Afiou bem seu facão!
É que por aquelas bandas,
Uma lenda assim curria...
Numa figuêra na bêra da estrada
Um fantasma aparecia!

Em noite de lua cheia...
Era quando ele atacava...
Assombrava memo os cabras...
Que de medo quase borrava!
Muntava na garupa dos cavalos
Cavalêro dismaiava...
Era só no ôtro dia...
Que o cabra acordava!

O valentão daqueza banda
Cabra bão e distemido...
O seu nome era Francisco,
O apelido era Xico!
Nas noites de quarta-feira,
Pá alegrá a rapaziada...
No cinema da cidade,
Era à noite do ‘rapa’!

Só pagava um ingresso
Que custava dois cruzêiros!
E assistia treis filme...
Apruveitano bem o dinhêro!
Num belo dia o Xico,
Foi sistí as treis sessão!
E na vorta pra casa...
Ia matá a sombração!

Já bêrano meia noite...
Dibaxo da figuêra chegô...
Reparano pá toda banda...
Seu coração disparô!
Cum cabelo arrupiado...
O istamu garro duê!!!
- É hoje que vô vê...
Essa sombração aparece!

Tava de cabelo impé!
E tamém suano frio...
Quando viu um vurto atraiz dele...
De tanto medo, ele riu!
Passano a mão no facão
E seu braço trabaiô!
Deu tanta gorpe na sombração...
De sangue, sujo o facão ficô!

-Henra!!! Eu num disse que matava?
A sombração discarada?
Dísparô num só galope...
Só parô quando chegô em casa!
O pai veno o Xico
Que chegô isbaforido...
Quis logo sabê do Xico...
Qual que era o ocorrido!

- Meu pai tô bem cansado!
O sior num vai quirditá!!!
Lutei tanto ca sombração...
A danada eu consegui matá!!!
O pai num criditou muito...
- Mato sombração!!!? Dexá isso pra lá...
Dizarrêia logo o cavalo...
E Poe ele pra pastá!

O xico sortô o cavalo
Num drumiu, garrou pensá!
Eu matei a sombração...
Vô tê causo pá contá!
Demorô garra no sono
Perdeu a hora de levantá!
Seu pai foi recoiê o gado...
E começou a gritá!

- Xico!!! Corre já aqui!
Venha ver a sombração...
Aquela coce matô...
Que baita decepção!!!
Quando o Xico chegô lá fora...
Seu coração apertô!
A sombração que tava morta...
Era o cavalo do seu avô!

É que o medo foi tanto!
E naquela adrenalina...
O cavalo ergueu o rabo...
Ele começou a chacina!
Numa das facaozada...
O rabo do cavalo cortô!
O sangue foi ino imbora...
Mais o |Xico nem notô!

O cavalo tão bão morreu...
Ele cum muita vergonha ficô!
- Cume que conto pus meu amigo...
Matei o cavalo do meu avô!!!
E isso virô foi piada...
Xico sai de casa mais não...
Os muleque quando avista grita:
Lá vem o caçadô de sombração!

Tadin do cavalo báio...
Era estimado do seu avô...
O Xico ta caçano canivete...
No cinema nunca mais vortô!
Cêis viu meus cumpade?!!
Ca coisa é pirigooosa!!!
Devemo oiá bem direito...
Pra dispois num virá prosa!!!

Ispéro cocêis tenha gostado...
De ler o causo ocorrido...
Se num déro boas risadas...
Vai recramá co Aparecido!
Ele mora em Ariquemes...
É fabricadô de panela...
Se a istória fosse mais cumprida...
Dava inté telenovela...

Ieu vô ino meus cumpade...
Num vão simbóra inda não!
Ôtra hora ieu vórto...
Sem causo de sombração!
vai ficno atento ai...
um causo de onça vô tazê...
catarino que me contô...
esprero agradá ucê!!!

Zé Ruffino.
Itarumã – Go.
05/02/2002
17:15 hs

quarta-feira, 14 de abril de 2010

MINHA TUTA VIRÔ SOPA!!!

Computadô tamem criei
U’a Tutinha injeitada...
Virô uma galinhona...
De preto e branco, pintada...
Ela era de tupete...
E tamém era brincuda...
Mais era tão mansinha...
Era uma coisa bisurda!!

Ela botava quinze ovo...
Pra depois impirriá!!!
E quando parava de pôr
Já cumeçava chocá...
Dava gosto a gente vê...
Toda aquela ninhada...
Minha Tuta tão brincuda...
Parece que o seu tupete, ingomava!!!

Seus brincos era uma cachópa
Que ficava balançano...
Quando ela tava choca...
Seu brinco eu ficava pegano!!!
Ela pariu tantas veiz...
Que até parei de contá!!
Minha Tuta foi... Enveieceno...
Parano intão de botá!!!

A mãe tava pesadona...
Que num cabia nas rôpas!
Cumeçô separá galinha...
Que é pra depois fazê sopa!!!
Minha Tuta tava no meio...
Das galinhas e das frangas...
Quando injuasse de sopa...
Galinha virava canja!

Um dia de madrugada
A minha mãe discansô...
Matáro a minha Tuta...
Numa sopa ela virô!!!
Num como sopa te hoje...
Chego inté rupiá!!!
Só de pensá na minha Tuta...
Da vontade de chorá!!!

Êh!!! Computadô!!!
Grande dor foi queu senti...
Me sumiu o apitite...
Nada, nada eu cumí!!!
Tomei raiva da minina,
Ca minha mãe tinha tido...
Foi porque ele foi nasce...
Que conteceu o ocorrido!!!

Mais o tempo foi passano,
Ele dá jeito em tudo...
Hoje eu gosto da minha mana...
E gosto dela abisurdo!!!
Morre uma Tuta vem outra...
A vida é menmo assim...
Hoje eu sou satisfeito...
Ela deu o computadô pra mim!!!

E cocê ieu bato papo...
Ocê ta sempre miscutano...
Dêxo aqui o meu abraço,
Do seu amigo, Minerâno...
Depois te conto mais causo...
Fica ai me isperano...
Cada dia eu lembro dum...
E vórto aqui te contano!

A CONVERSA DO MINERÂNO...

A Metade é Mineiro...O resto é Goiano!

Eu vim hoje aqui, amigo,
Mode unóis dois pruziá!!!
Eu e ucê computadô...
Ninguém vai atrapaiá!
Vô iscrevê divagazin...
E ninguém vai iscutá...
Assunto de pé de ovido...
Só prucê eu vô contá...

Computadô sou minero...
Nascido lá no sertão...
Quando nada mais deu certo,
Me mudei de região!
Me mandei lá pra Goiais...
Dicéro que era bão!!!
Mió que mina gerais...
Eu fui pra lá intão!

Purisso hoje eu sô,
Mei minero mei goiano...
E o resto da história...
Já vô logo te contano!
Chegano lá no goiais,
Eu resorví me casá...
Mais pra isso cuntecê,
Percisava namorá!

Namorei ca Filisbina
E logo me enrabichei!!!
O pai dela era brabo...
Veiaco eu já fiquei!
Eu já quiria levá
A Filisbina prum canto...
Era tudin no iscundido...
Seu pai me achava um santo!

Num dia bem de tardinha...
Cum ela fui passiá...
Dirrubei ela nas pedra...
E... O resto num vô contá!!!
Intão o veio passo,
Foi a mão na carabina...
- Num pensa que vai dexá...
- Minha fia na ruína!!!

Isso deu um ribulissu...
Cum ela tive que casá!!!
O pai dela era brabo...
Eu num pude iscapá!!!
Quece negóço meu fio...
De jogá ela no chão...
A coisa ficô bem feia...
Tem que vê que barrigão!!!

Dessa barriga tão grande,
Nasceu um bacurizinho...
Metade dele é goiano
Metade e minerinho!!!
Tudo ficô nos conforme
O meu erro arreparei...
Tô filiz ca Filisbina
Ela tamém, por sua veiz!

Óia aqui computadô
Cê pensô que era bestêra,
O que eu ia te contá...
Mais era só brincadêra!
Eu sô menmo assim,
Causo bão eu num enjeito...
Socê me quizé contá um,
Eu vô ficá sastifeito!

Eu vortarei corqué dia,
Fica ai me isperano...
Pra nóis batê ôto papo...
Contá mais causo goiano!
Me conta tamém um causo
Dessa Internet ai...
Me conta um causo bão...
Purquê tamém quero ri!!!

Zé Ruffino.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A sodáde ...eu e... a viola!

Chora viola marvada! Coração cê num tem grade!
Pá vivê assim tão preso! mueno a dôr da sodáde!
Quande cê geme ...viola! Quêce acórde bunito...
Meu coração disfalece... Nua sodáde isquisita!

É que meu amôr foi simbóra... Dexano eu margurado!
Chorano triste...suzin!Nesse triste...discampado!
Cansô de vivê nu mato... Se mandô lá pa cidade...
Viu dizê que lá que é bão... DEXÔ EU ABANDONADO!

Inté as criação sintiu... Impacô... Num qué cumê...
CÊ VÓRTA PRÁ CASA LUCENA... Tô cum sodáde docê!
Peito chora angustiado... Aligiria foice imbora...
Coração amargurado... Pensa co peito...é gaiola!

Purissu cáto a viola... As mágoa bóto pra fóra...
De tristeza já nem durmo... Só pinicando a viola...
Eu fica aqui ca minhas moda... Canto choro até durmí!
Vô compono os meus puemas... Pá podê pô eze aqui!

Por hoje é só, meu povo... O fim do ano chegô...
Quem sabe ano que vem... Tamêm me chega um amôr!
zé ruffino.

vaca malhada

Num domingo à tardinha
Encilhei o meu cavalo
E fui o gado ajuntá!
Chegano lá no banhado
Cortô meu coração
Da cena que lá eu vi!!!

Minha vaquinha malhada
No chão tava istirada...
E tava mortinha à coitada...
E em seu corpo um cobrão
Enrolava-lhe todinha...
Uma enorme sucuri!!!

Minha vaquinha estimada
Teve aquela triste sina...
De morrer toda enrolada...
A cobra lhe quebro toda...
E quando ia inguli...
Eu entrei em ação!!!

Passei a mão na carabina
A minha vaca essa cobra
Num vô dexá inguli!!!
Foi o fim da vaquinha Malhada
Vaca de istima na invernada...
Igual aquela, nunca mais pussuí!!!

A sucuri eu matei
O gosto de comer a Malhada, não dei!
Deixei no chão espichada...
Também o seu coro tirei!
Fiz um laço de treis braças...
Pra juntar minhas rêis!

E o couro da vaca Malhada
Também eu levei para casa,
Virô um tapete de sala!
Meu piá brinca em cima...
Nem de longe ele imagina
A dor que o pai inda sente!!!

Da minha vaquinha Malhada
Só restô menmo lembrança...
E seu coro enfeitando a sala!!!
Meu coração inda dói...
Quando lembro como foi
Que minha Malhada morreu!!!

A vida é menmo assim...
Vaca vai... Vaca vem!
Num adianta recramá...
Me restô a bizerrinha...
Que injeitada vô criá!!!
Até noutra vaca virá...

Ela tamém é bunita
Num tem porque duvidá...
Vô agora tê mais cuidado...
Pra outro sucuri num pegá!!!
Num deixo a vaca ir pro brejo..
Pra depois num tê que chorá!!

Lampião

Eu vô contá procêis
História de Lampião!
Cabra retado da peste...
Home macho do sertão!
O negócio dele era na bala...
No revórve ou no facão!
Se argúem o disafiasse,
Caía mortinho, no chão!
Seu nome era Virgulino,
Cum ele ninguém pudia!
Namorou uma cabocla
Cujo nome era Maria,
Ele era apaxonado,
Cum ela ninguém bulia!
Mexer cum Maria bunita...
Pode crer... Bala ingulia!
Num intendo esse negóço
Desse povo revortoso...
Mais eu sei que Lampião
Era um cabra pirigoso!
Fiquei sabeno isturdia...
Que ele foi evangelizado...
Pelo missionário Jotinha...
Ele num morreu inganado!
Quem sabe se arrependeu...
Iantes de morrer...De repente foi salvo...
Dispois que vamos saber!
Vamo parár de fala nele...
Vamu mudar de assunto...
Eu tamém num tô quereno...
Tão cedo virá difunto!
Vamu falá douta coisa
Porque esse já morreu...
Ta discansano in paiz...
Ele discansô com os seus!
Já morreu a jagunçada
O sertão todo tremeu!
Nunca viram tantas balas...
Mais discanso ao povo deu!
Acabou-se Virgulino,
Mais a sua lenda não...
O povo agora tem paiz...
Nos cafundós do sertão!
Mais cabra macho que nem ele...
No sertão num tem mais não!
De que adianta ser brabo...
E morar dibaixo do chão!?
0,Acabou-se os revortoso...
A paz intão retornou...
Num sei detalhe da história...
O causo aqui terminô!!!