segunda-feira, 19 de abril de 2010

O CAUSO DA SOMBRAÇÃO...

Computadô já vortei,
Ôtro causo vô te contá!
Um causo de assombração
Daqueza de arrupiá!!!
Eu tava vino do Acre
De Ariquemes, vinha o Aparecido!
Ele me contô esse causo...
Diz ser verdade o ocorrido!

Ixistia na cidade de Jales...
Um cabra bem valentão!
Disse que ia matá o fantasma...
Afiou bem seu facão!
É que por aquelas bandas,
Uma lenda assim curria...
Numa figuêra na bêra da estrada
Um fantasma aparecia!

Em noite de lua cheia...
Era quando ele atacava...
Assombrava memo os cabras...
Que de medo quase borrava!
Muntava na garupa dos cavalos
Cavalêro dismaiava...
Era só no ôtro dia...
Que o cabra acordava!

O valentão daqueza banda
Cabra bão e distemido...
O seu nome era Francisco,
O apelido era Xico!
Nas noites de quarta-feira,
Pá alegrá a rapaziada...
No cinema da cidade,
Era à noite do ‘rapa’!

Só pagava um ingresso
Que custava dois cruzêiros!
E assistia treis filme...
Apruveitano bem o dinhêro!
Num belo dia o Xico,
Foi sistí as treis sessão!
E na vorta pra casa...
Ia matá a sombração!

Já bêrano meia noite...
Dibaxo da figuêra chegô...
Reparano pá toda banda...
Seu coração disparô!
Cum cabelo arrupiado...
O istamu garro duê!!!
- É hoje que vô vê...
Essa sombração aparece!

Tava de cabelo impé!
E tamém suano frio...
Quando viu um vurto atraiz dele...
De tanto medo, ele riu!
Passano a mão no facão
E seu braço trabaiô!
Deu tanta gorpe na sombração...
De sangue, sujo o facão ficô!

-Henra!!! Eu num disse que matava?
A sombração discarada?
Dísparô num só galope...
Só parô quando chegô em casa!
O pai veno o Xico
Que chegô isbaforido...
Quis logo sabê do Xico...
Qual que era o ocorrido!

- Meu pai tô bem cansado!
O sior num vai quirditá!!!
Lutei tanto ca sombração...
A danada eu consegui matá!!!
O pai num criditou muito...
- Mato sombração!!!? Dexá isso pra lá...
Dizarrêia logo o cavalo...
E Poe ele pra pastá!

O xico sortô o cavalo
Num drumiu, garrou pensá!
Eu matei a sombração...
Vô tê causo pá contá!
Demorô garra no sono
Perdeu a hora de levantá!
Seu pai foi recoiê o gado...
E começou a gritá!

- Xico!!! Corre já aqui!
Venha ver a sombração...
Aquela coce matô...
Que baita decepção!!!
Quando o Xico chegô lá fora...
Seu coração apertô!
A sombração que tava morta...
Era o cavalo do seu avô!

É que o medo foi tanto!
E naquela adrenalina...
O cavalo ergueu o rabo...
Ele começou a chacina!
Numa das facaozada...
O rabo do cavalo cortô!
O sangue foi ino imbora...
Mais o |Xico nem notô!

O cavalo tão bão morreu...
Ele cum muita vergonha ficô!
- Cume que conto pus meu amigo...
Matei o cavalo do meu avô!!!
E isso virô foi piada...
Xico sai de casa mais não...
Os muleque quando avista grita:
Lá vem o caçadô de sombração!

Tadin do cavalo báio...
Era estimado do seu avô...
O Xico ta caçano canivete...
No cinema nunca mais vortô!
Cêis viu meus cumpade?!!
Ca coisa é pirigooosa!!!
Devemo oiá bem direito...
Pra dispois num virá prosa!!!

Ispéro cocêis tenha gostado...
De ler o causo ocorrido...
Se num déro boas risadas...
Vai recramá co Aparecido!
Ele mora em Ariquemes...
É fabricadô de panela...
Se a istória fosse mais cumprida...
Dava inté telenovela...

Ieu vô ino meus cumpade...
Num vão simbóra inda não!
Ôtra hora ieu vórto...
Sem causo de sombração!
vai ficno atento ai...
um causo de onça vô tazê...
catarino que me contô...
esprero agradá ucê!!!

Zé Ruffino.
Itarumã – Go.
05/02/2002
17:15 hs

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